Muito confundida com a Hipnose, essa prática é utilizada na verdade “dentro” da Hipnose. Regressão não é brincar de voltar no tempo, como se fosse uma máquina dessas de filmes de ficção que nos permite mudar o passado. Nada disso. A regressão é uma poderosa ferramenta terapêutica e portanto deve ser utilizada somente com fins terapêuticos.
Regressão por pura e simples curiosidade, além de não ser nada terapêutica, é extremamente perigosa. É muito comum as pessoas buscarem essa prática, principalmente com o intuito de verificar por simples curiosidade, o que foram em vidas passadas. Feita dessa forma, simplesmente pra “vasculhar” o passado, é extremamente perigosa, pois pode trazer a tona informações que o sujeito não está preparado para lidar e trabalhar, uma vez que seu intuito não é olhar para o problema com uma visão terapêutica, mas simplesmente um olhar curioso.
Outra busca muito comum da regressão e também da hipnose de forma geral, é para “apagar” memórias envolvendo relacionamentos traumáticos que deram errado. Também uma busca equivocada, dado que nem a hipnose, nem a regressão possuem o poder de apagar memórias.
Mas então quando fazer regressão? Quando o terapeuta achar necessário e prudente. A regressão é utilizada pare ressignificar situações do passado, ou seja, dar novo significado mesmo. Quando vivenciamos uma experiência, armazenamos a memória factível e a memória emocional associada ao fato. Neste caso, a regressão trabalhará sobre a memória emocional, não sendo possível jamais alterar a memória factível.
Freud conceituou o termo “repressão de memórias”, que consiste num mecanismo de defesa da mente humana capaz de reprimir memórias traumáticas. Basicamente o cérebro esconde, encapsula memórias traumáticas. A princípio pode parecer uma boa ideia, mas a repressão de memórias gera o que chamamos de “sintomas”, que são disparados após um evento sensibilizador (o que marca inicialmente o trauma) por eventos ativadores (eventos posteriores que remetam ao trauma). A regressão baseia-se nesse princípio de Freud, utilizando-se da AB-reação (também conceituada por Freud), ou seja, uma liberação intensa das memórias traumáticas reprimidas, de forma controlada.
Por exemplo, uma criança que cai na piscina e a partir desse dia desenvolve uma fobia de água. É impossível deletar da sua memória e da sua história o fato de que ela caiu na piscina. Ela caiu! Fato consumado. Ponto. Porém, ao cair na piscina, o susto foi tão grande que gerou uma memória emocional traumática. E é nela que a regressão atuará. Ressignificar essa cena é alterar aquele sentimento ruim de medo, pânico mesmo, ao cair na piscina. Assim, essa memória deixará de ser um trauma, e consequentemente, reduzirá e até mesmo pode eliminar totalmente, os sintomas disparados por ela, no caso a fobia da água.
Então regressão é algo sério e deve ser usado com seriedade e por profissionais capacitados que possam conduzir para obter resultados extremamente positivos.
Após uma boa anamnese terapêutica, o profissional irá avaliar se há ou não a necessidade de realizar a regressão. Em caso de uma regressão, incialmente o cliente passará pelo processo do transe hipnótico exatamente igual à uma sessão de hipnose. Estando em transe, começará o processo de liberação da emoção, provocando uma AB-reação (liberação intensa da emoção reprimida), de forma controlada. Dessa forma o terapeuta conduzirá para a ressignificação, até encontrar o evento sensibilizador, ou seja, o primeiro evento que marcou a pessoa. Encontrado este evento, ele será ressignificado, assim como os outros subsequentes encontrados (eventos ativadores).